terça-feira, 4 de maio de 2010

Proposta de exercícios Psicomotores na intervenção nas Dificuldades de Aprendizagem

1º Exercício: Pintar

- Solicita-se à criança que colore um desenho, seleccionado pela técnica. De seguida, a criança deverá contar uma história exprimindo o que o desenho representa para si.

Objectivos:
- Desenvolver a criatividade;
- Desenvolver a praxia fina;
- Desenvolver a apreensão;
- Promover a comunicação verbal;
- Exprimir sensações e sentimentos;
- Desenvolver a criatividade;
- Promover a comunicação interpessoal.

2º Exercício: Colagem e picotar

- A criança deverá colar as partes do corpo, que estão recortadas, num desenho de um menino ou menina, fornecido pela técnica. De seguida, deverá picotar as extremidades do desenho até conseguir separar retirar o molde do corpo (o desenho também poderia ser recortado em vez de picotado).

Objectivos:
- Desenvolver a praxia fina;
- Promover a concentração;
- Desenvolver a preensão e precisão.

3º Exercício: Música

- A criança deve ouvir as músicas, de diferentes sons e ritmos, que a técnica coloca para tocar, e exprimir os seus sentimentos e pensamentos relativamente a cada uma.

Objectivos:
- Percepção de sons e ritmos;
- Exprimir sensações;
- Distinguir sentimentos;
- Desenvolver a criatividade.

4º Exercício: Escadas

- A criança deverá encontrar-se numas escadas, e segundo as instruções da técnica terá que descer e subir o número de escadas solicitadas.

Objectivos:
- Conhecimento de cima e baixo;
- Orientação espacial;
- Conhecimento dos números, das ordens (crescente e decrescente), da soma, da subtracção, entre outros.

5º Exercício: Arcos

- A técnica coloca quatro arcos no chão, posicionados de modo a formarem um quadrado. A criança deverá mover-se segundo as ordens da técnica (frente e trás, esquerda e direita).

Objectivos:
- Desenvolver as noções de frente, trás e esquerda e direita;
- Orientação espacial;
- Coordenação motora.

6º Exercício: Circuito

- A criança deverá ultrapassar um obstáculo saltando a pés juntos; de seguida, deverá caminhar em cima de um colchão estreito, equilibrando-se; depois terá que passar por baixo de um túnel; posteriormente saltar a pé coxinho em dois arcos; e por fim derrubar os pinos, com uma bola, que se encontram a uma distância de 2 metros.

Objectivos:
- Desenvolver a praxia global;
- Desenvolver o equilíbrio;
- Promover a dominância lateral;
- Desenvolver a coordenação óculo-manual;
- Desenvolver a precisão e a preensão.

Influência da Psicomotricidade nas Didiculdades de Aprendizagem

Sempre que se fala em Psicomotricidade o primeiro pensamento que vem à mente relaciona-se com a capacidade que o ser humano tem para executar um movimento e, por conseguinte, o desenvolvimento do corpo. Mas, na realidade, a Psicomotricidade é uma ciência que está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afectivas e orgânicas, sendo, deste modo, sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afecto.
A psicomotricidade é actualmente concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio. É um instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e se materializa.
A educação psicomotora é fundamental na vida da criança, e está reflectida no histórico de vida do sujeito, podendo observar-se a partir daí, o desenvolvimento da criança, o seu relacionamento com o mundo, a sua interacção com as pessoas, a forma como pensa e como actua, expressando as suas sensações e sentimentos, e utilizando o corpo como instrumento rico e significativo para a comunicação.
Este trabalho inicia-se na Educação Infantil, onde as crianças ainda se encontram em fase de experimentações corporais, onde iniciam as descobertas espaciais, temporais e tónicas.
Todas as actividades devem trabalhar as bases psicomotoras, sendo estas: a tonicidade, a noção do corpo, a equilibração, a lateralidade, a estruturação espácio-temporal, a praxia global e a praxia fina. Estas devem ser inseridas e integradas de acordo com a faixa etária.
O desenvolvimento dos factores psicomotores, permite à criança uma melhora da postura, da dissociação dos movimentos, da coordenação global dos movimentos, da motricidade fina, do ritmo discriminação táctil, visual e auditivo, da integração das estruturas espaciais e temporais, do aumento da capacidade de atenção e concentração.
A educação psicomotora deve incidir, essencialmente, para crianças até aproximadamente os 7/8 anos de idade, sendo um período fundamental do desenvolvimento infantil, no qual a criança tem necessidade de agir e experimentar para adquirir o conhecimento, favorecendo a maturação psicológica por meio da motricidade, do agir e do brincar, que são a base do desenvolvimento do pensamento.

A Psicomotricidade nas Dificuldades de Aprendizagem pode trabalhar os seguintes factores, com os seus objectivos:
 Tonicidade: relaxação activa e passiva;
 Equilibração: equilíbrio estático e dinâmico;
 Noção do corpo: conhecimento do próprio corpo e do corpo de outrem; noções espaciais do próprio corpo e do de outrem; interiorização da imagem corporal; coordenação, caligrafia, leitura harmoniosa, gestual, ritmo de leitura (frase, palavra), imitação, entre outros;
 Lateralidade: identificação da dominância lateral; reconhecimento da direita e da esquerda; ordenação espacial, direcção gráfica, ordem das letras e dos números; discriminação visual; estruturação espácio-temporal; noções espaciais e temporais; estruturação rítmica; percepção visual e auditiva; identificação de ruídos e sons; identificação e combinação de letras e números (modalidades visuais, auditivas e cinestésicas); noções de esquerda e direita, alto e baixo (b / p; n / u; ou / on), dentro e fora (espaço para escrita: progressão/grandeza, classificação/seriação, orientação/cálculos);
 Praxia global e fina: perturbações do grafismo (motora fina); manipulação / preensão.

No que se refere à aprendizagem da leitura e da escrita, as relações existentes, entre estas e o aumento do potencial psicomotor da criança proporcionam condições favoráveis às aprendizagens escolares.
A aprendizagem da escrita é especialmente, um processo de relação perceptivo-motora, pois os sinais gráficos devem ser transcritos para o papel de forma organizada, seguindo o tempo e o espaço.
Pode-se concluir, portanto, que as contribuições da psicomotricidade na aquisição da pré-escrita estão relacionadas com o domínio do gesto, com a estruturação espacial e a orientação temporal que são os três fundamentos básicos da escrita, os quais supõem: uma direcção gráfica (escrevemos horizontalmente da esquerda para a direita); noções de cima e baixo (n e u); de esquerda e direita e de oblíquas e curvas (g); e noção de antes e depois.
A realização de exercícios de pré-escrita e de grafismo são necessários para a aprendizagem das letras e dos números, com a finalidade de permitir à criança atingir o domínio do gesto e do instrumento, a percepção e a compreensão da imagem a reproduzir. Esses exercícios são desenvolvidos através de actividades puramente motoras ou de grafismo.

Discriminação auditiva e Percepção visual

A discriminação auditiva é caracterizada pela capacidade para perceber as diferenças entre os sons da fala e para sequencia-los em palavras escritas. É uma componente essencial no que respeita ao uso correcto da linguagem e à descodificação da leitura.

A percepção visual caracteriza-se pela capacidade para observar pormenores importantes e dar significado ao que é visto. É uma componente crítica no processo de leitura e escrita.

Deficit de Atenção e Hiperactividade


O Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperactividade (TDAH) é uma condição neurobiológica e caracteriza-se por uma diminuída capacidade de atenção, impulsividade e hiperactividade, de acordo com o DSM-IV-TR, afectando crianças, adolescentes e adultos.

Alguns critérios de diagnóstico são apresentados seguidamente:

• Critérios de Desatenção: falta de atenção relativamente a detalhes e cometem erros por omissão nas actividades escolares, no trabalho e/ou outras; dificuldade para sustentar a atenção nas tarefas; não atendem quando lhes dirigem a palavra; não seguem instruções e não terminam os trabalhos escolares, as tarefas domésticas ou profissionais; tem dificuldade para organizar tarefas e actividade; facilmente distraem-se devido a estímulos alheios à sua tarefa e por vezes, esquecem-se das actividades diárias.

• Critérios de Hiperactividade: constantes movimentos das mãos e dos pés; tem dificuldade em brincar ou incluem-se silenciosamente em actividades de lazer e frequentemente falam em demasia.

• Critérios de Impulsividade: dão respostas precipitadas antes de serem completamente as perguntas; tem dificuldade em respeitar a sua vez; e interrompem ou interferem em assuntos que não lhes competem.

• Critérios Gerais: alguns dos sintomas de desatenção ou hiperactividade – impulsividade estão presentes antes dos sete anos de idade; presença de seis ou mais sintomas de desatenção e/ou seis ou mais sintomas de hiperactividade – impulsividade, que persistiram no mínimo por seis meses; algum comprometimento causado pelos sintomas deve estar presente em dois ou mais contextos (por exemplo, na escola, no trabalho, em casa); e deve haver uma clara evidência de distúrbio significativo no desenvolvimento social, académico ou ocupacional.

Dispraxia

Dispraxia é uma dificuldade na forma como o cérebro processa a informação, onde esta não é devidamente ou completamente transmitida. Afecta a coordenação dos movimentos, a atenção e a percepção. A Dispraxia pode ser detectada pelos constantes atrasos na consecução das tarefas motoras, como, deixar cair as coisas, revelar dificuldades com o equilíbrio, mau desempenho no desporto físico ou ainda na caligrafia. Na escrita, também podem demonstrar dificuldades com direccionalidade e na pressão do lápis sobre a página.

As crianças com Dispraxia apresentam: dificuldades de memória; dificuldades na escrita, devido à pobre aderência, a criança segura a caneta ou lápis desajeitadamente, assim, sua escrita torna-se muito confusa, não a executando de forma adequada, podem também, fazer inversão das letras, realizam escrita lenta e de difícil compreensão, sentem dificuldade em prestar a atenção ao que o professor está a falar e tirar notas ao mesmo tempo; dificuldades em realizar actividades motoras de precisão, de orientação espacial, tem dificuldades na apreensão de objectos, tendem a ser crianças desajeitadas, esbarram contra objectos e pessoas com frequencia, e tendem a estar muito cansadas no final do dia; sentem dificuldades em ficar paradas, tornando-se por vezes elementos perturbadores na sala de aula, distraem-se com facilidade, têm dificuldades de estruturação temporal e de ritmo; apresentam também, dificuldades na lateralidade (leitura da esquerda para a direita e na matemática sentem dificuldade em trabalhar da direita para a esquerda).

Discalculia


A discalculia é a dificuldade em lidar com cálculos, numerais e quantidades, dificultando as actividades de vida diária que envolvem essas habilidades e conceitos. Indivíduos com transtornos na matemática, têm a capacidade para a realização de operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático substancialmente inferior à média esperada para sua idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade. É uma falha na aquisição da capacidade e na habilidade de lidar com conceitos e símbolos matemáticos. Esta dificuldade está na base do reconhecimento do número e do raciocínio matemático e envolve a dificuldade na percepção, na memória, na abstracção, na leitura, no funcionamento motor e combina actividades dos dois hemisférios.
Em suma, a criança com discalculia é incapaz de:
• Visualizar conjuntos de objectos dentro de um conjunto maior;
• Conservar a quantidade, o que a impede de compreender que 1 quilo é igual a quatro pacotes de 250 gramas;
• Compreender os sinais de soma, de subtracção, de divisão e de multiplicação (+, –, ÷ e x);
• Sequenciar números, como, por exemplo, o que vem antes do 11 e depois do 15 (antecessor e sucessor);
• Classificar números;
• Montar operações;
• Entender os princípios de medida;
• Lembrar as sequências dos passos para realizar as operações matemáticas;
• Estabelecer correspondência um a um, ou seja, não relaciona o número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras; e
• Contar através de cardinais e ordinais.

Os processos cognitivos envolvidos na discalculia são:
• Dificuldade na memória de trabalho;
• Dificuldade na memória das tarefas não-verbais;
• Dificuldade na soletração de não-palavras (tarefa de escrita);
• Ausência de problemas fonológicos;
• Dificuldade na memória de trabalho que implica contagem;
• Dificuldade nas habilidades visuo-espaciais;
• Dificuldade nas habilidades psicomotoras e perceptivo-tácteis.

Segundo Johnson e Myklebust (1983), a discalculia classifica-se segundo seis tipos:
a) Discalculia Verbal – dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações;
b) Discalculia Practognóstica – dificuldade para enumerar, comparar e manipular objectos reais ou em imagens, matematicamente;
c) Discalculia Léxica – dificuldades na leitura de símbolos matemáticos;
d) Discalculia Gráfica – dificuldades na escrita dos símbolos matemáticos;
e) Discalculia Ideognóstica – dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos; e
f) Discalculia Operacional – dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.

Disortografia

Disortografia
A disortografia caracteriza-se por uma dificuldade da linguagem escrita e pode acontecer como consequência da dislexia. É muitas vezes, descrito como característico da disgrafia. Esse transtorno da escrita apresenta-se como uma persistência de trocas de natureza ortográfica (como ch por x, ou s por z, e vice-versa), aglutinações (de repente/derepente, tem que/temque), fragmentações (em baraçar), inversões (in/ni, es/se) e omissões (beijo/bejo).

Crianças com este tipo de dificuldade apresentam: atitudes de falta de interesse, limitações no conhecimento básico da acústica e estrutura das palavras, pobreza na fala, alterações da fala, escrita lenta e ilegível, dificuldade visual, discriminação auditiva insuficiente e baixo desempenho intelectual.